segunda-feira, 26 de maio de 2008

Breves impressões sobre o novo Mestrado em Psicologia da UFS

A idéia dessa sessão temática nasceu de sugestão dos professores de nossa linha de pesquisa. Para que levássemos alguma discussão acerca da implementação e de nossa inserção do Mestrado em Psicologia Social e Política da UFS. Aceitamos a tarefa, mas sem saber ao certo o que faríamos. Em nossas primeiras discussões várias foram as idéias que surgiram...idéias sempre surgem, a questão é como coloca-las para funcionar. Chegamos a um certo consenso que a discussão que traríamos para cá seria sobre nossas impressões sobre o NOVO Mestrado em Psicologia da UFS; sobre esse NOVO momento em que passa o curso de psicologia. E é sobre essa idéia de NOVO que gostaria de começar.

O NOVO, algo que não se conhecia, que até certo tempo não existia e que emerge, sendo produto de variadas relações sociais, sempre traz consigo ansiedades, expectativas e “aflições”. É comum nos sentirmos desprotegidos frente ao NOVO, ao que de certa forma, foge a um padrão normalizado de acontecimentos, movimentos, pois nos é incerto o que virá logo à frente, mas ao mesmo tempo esse NOVO proporciona a produção de outras formas de se vivenciar o mundo, as relações, etc.

Esse NOVO se dá quando o colocamos na questão do tempo de existência institucional do mestrado, aprovado no ano passado e tendo sua primeira turma começando suas atividades em Março do corrente ano. Digo institucional porque há um tempo já se ouvia pelos corredores toda uma vontade de criar um curso de mestrado na UFS, vendo professores buscando qualificação para poder formar um quadro de professores que garantissem a aprovação de um mestrado. Acompanhei isso durante a minha graduação, vi professores saindo para seus doutorados e outros retornando. Além de acompanhar, por pouco tempo o começo das reuniões onde já se encaminhavam os tramites para a concretude desse fato.

O mestrado traz como característica de sua única área de concentração ser um curso de Psicologia Social e Política, descrito como um campo de estudos e pesquisas voltado para a análise das condições sociais nas quais as subjetividades individuais e coletivas são constituídas e nas quais se fomentam possibilidades de transformações na cultura, por indivíduos e coletividades. E o termo Política não ta ali por mero acaso, por mera estética. Entendo política como uma ação de produção ou reprodução de modos de vida, de modos de relações entre os sujeitos. Sendo assim a construção do mestrado também perpassa essas condições de produção de políticas que irão referenciar as ações dos que compõem o núcleo da pós-graduação, sejam os docentes ou os discentes (oficiais ou não, lembrando dos estudantes vinculados em matérias isoladas ou os ouvintes), além dos que se ligam institucionalmente por outras vias.

Uma das questões que envolvem esse NOVO que trazemos a discussão é justamente essa postura de saber que as políticas do curso do mestrado estão ainda se continuarão sendo construídas. Sempre que nos deparamos com algo como um curso de mestrado, ou vestibular, algo ligada a uma instituição, no caso educacional, temos a idéia de que ao chegarmos lá tudo estará totalmente pronto, só esperando nossa entrada de forma oficial e que temos nisso a segurança de que teremos um curso funcionando de forma regular, que está tudo posto e basta seguir a risca que o futuro esperado está garantido. Não que o curso do mestrado da UFS esteja desorganizado, não é disso que estou falando. Mas acabamos por acreditar que as políticas que se determinaram num dado momento da implementação do mestrado serão as mesmas até o final. E isso não acontece. A cada reunião do colegiado do mestrado discussões são feitas e dessas discussões são produzidas novas políticas, mesmo não sendo de caráter formal frente a instituição, que atravessarão os modos de ação dentro do mestrado. A produção de políticas não cessa, ainda mais num curso que está no seu primeiro ano. Muitas coisas são novidades não somente para os estudantes, mas também para os professores. E essa afronta com a novidade nos obriga a tomarmos posição, a afirmamos nossas vontades frente ao que está se construindo.

O mestrado, apesar de possuir uma área de concentração, está subdividido em duas linhas de pesquisa: Processos de Subjetivação e Política e Processos Sociais e Relações Intergrupais. A primeira linha se subdivide em três outros grupos de pesquisa: Grupo de estudos e pesquisa sobre Exclusão, Cidadania e Direitos Humanos (GEPEC); Grupo de Pesquisa Produção de Subjetividade, saúde e autonomia individual e coletiva (PROSAICO); e o Grupo de pesquisa Clinica Psicanalítica e cultura contemporânea. A segunda linha de pesquisa subdivide-se em Grupo de pesquisa, planejamento e avaliação em Educação e Psicologia e Psicologia Comunitária; O Grupo de Pesquisa Normas Sociais, Estereótipos, Preconceito e Racismo. Estes grupos de pesquisa também possuem suas subdivisões, mas não há necessidade de citar. A questão é só para perceber a diversidade de idéias em que está imerso o mestrado.

Essa diversidade proporciona diversos olhares sobre um mesmo tema e com isso produz diversificados tipos de conhecimento. E essa diversificação, consequentemente, gera conflitos. Não há como pensar o ato de fazer política sem que esteja presente situações de conflitos. E isso está presente desde a reunião de colegiado do curso, ate nas discussões dos estudantes, até porque, se há diversidade nas linhas de pesquisa, no corpo docente, há certamente no meio estudantil. Essa multiplicidade de sujeitos traz em consigo, o que já foi levantado antes sobre que nesse decorrer do curso novas políticas que servirão de referencias para o modo este caminhará, irão surgir. Com certeza daqui a dois anos, quando essa turma se formar muita coisa terá mudado na forma de se tocar o curso. Não sei se pra melhor ou pra pior, não como saber.

Esse campo da produção de políticas também é interessante pensar não só nas questões internas - se é que posso caracterizar assim -, se darão também nas produções de saberes que se espera do mestrado. Mais uma vez trago que o nome Política não está presente por acaso, tem a ver com essa preocupação do que se estará fazendo das produções pretendidas. Não há como dissociar uma questão como “O que estamos fazendo de nós mesmos?(enquanto estudantes do mestrado)” de “O que estamos fazendo dos outros?”. Não há uma dissociação entre Psicologia Social x Política, ver-se as duas imbricadas, indissociáveis. Muita das vezes achamos que o que fazemos aqui na academia está desvinculado da sociedade, pelo mera questão de nossos trabalhos não terem adentrado a um campo empírico de ações. Acho que esse titulo nos faz repensar isso. O saber que produzimos tem impacto de que forma no meio social, uma vez que a universidade não está dissociada, como muitos ainda pensam, do meio social. É muito fácil de constatar isso ao ver nos meios de comunicação a importância que se dá a estudos feitos dentro dos espaços universitários, já recebido como a Verdade. O legal dessa nova proposta do curso de mestrado é que ele traz, desde seu título, a possibilidade de pensarmos sobre novas formas de psicologia social - se é que toda psicologia já não seria social! Essa própria atividade do “Pensar” já se torna algo interessante, entendo ele como um ato que fere ou reconcilia, que subjuga ou liberta, e que também cria, não como desvincula-lo do ato de fazer política. Todo ato de pensar carrega um modo de fazer política e toda política carrega um modo de pensar.

Há uma experiência que nós passamos a pouco no mestrado que demonstra essa questão da produção de políticas que atravessa o mestrado. O mestrado tinha (hoje já está certo isso) bolsas a serem pleiteadas frente a instituições de financiamento a pós-graduação. Mas não existia nada concreto de como se dariam as seleções para os bolsistas. Durante uma reunião de colegiado saíram alguns critérios que referenciariam a escolha e foi criada uma comissão para avaliar os possíveis bolsistas. Como essa era mais uma etapa nova dentro do mestrado, decidiu-se por fazer uma entrevista coletiva como todos os candidatos a bolsa. E nessa entrevista foi jogada a proposta de O Grupo construir a política que serviria como forma de escolha dos bolsistas. O interessante de se trazer dessa reunião é justamente essa questão da produção de uma política a partir do grupo que disputava pela bolsa. Quando vamos fazer parte de qualquer tipo de seleção já vamos sabendo ou esperando que todo processo já tenha sido construído de antemão e seremos avaliados por especialistas que garantiram uma certa neutralidade, para escolher os mais aptos. No caso do mestrado foi diferente. Ao não se tomar uma posição de especialistas e jogar para o grupo a construção da própria política, forçou-se a que todos que estavam ali tomassem posição frente ao assunto. Como era de se esperar e como foi dito, gerou-se conflitos, no sentido de que varias idéias foram debatidas, desconfortos perpassaram os atores, até se chegar a um certo consenso que gerou o resultado dos bolsistas. É interessante disso ver como quando nos é exigido esse Tomar Posição Política frente a situações, como é difícil para a gente assumirmos esse papel, uma vez que não nos é comum esse tipo de atitude.

Essa inserção no mestrado, dentro de toda essa relação de forças que o perpassa e o perpassará e que não temos como fugir, ou se fugirmos uma hora ou outra nos pegará, nos faz levantar algumas questões sobre como isso nos afeta. Entre elas está justamente esse do Fazer Política. Como é encarar esse processo que nos joga no coletivo? Que nos tira de uma condição de mero agente passivo para uma possibilidade de sermos ativos nesse processo (lembrando que podemos continuar passivos, mas em um dado momento espera-se uma atividade nossa)? Como encarar uma situação que foge a nossa lógica cotidiana de funcionamento??
P.s.: texto escrito para apresentação da Sessão Temática do III Encontro de Psicologia da UFS, a partir das impressoes minhas, de Bruno e Ariane.
P.s.: resolvi colocar esse texto aqui, porque se encaixa bem com a proposta do blog.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Encarando de verdade o presente heheh

O presente ta batendo de frente mesmo hhehehhee...to meio sem tempo pra pensar um novo texto pra ca..o mestrado ta me consumindo e ainda tenho q arranjar tempo pras folguinhas...talvez escreva sobre essa falta de tempo q nos perpassa hj em dia, é um bom tema. mas fica pra prox q espero ser muito em breve, vou me esforçar.