sábado, 31 de março de 2012

Um pouco de brincadeira na vida, senão eu sufoco...




Peço aqui licença a meus irmãos brincantes Ivan e Thiago, para discorrer um pouco das minhas digressões de pensamento sobre o Brincar de Viver. Minha intenção aqui não é falar diretamente ou indiretamente sobre o projeto dos dois, mas pegar carona na idéia e fazer a minha própria viagem.

Já apontei em outros posts o quanto, no nosso dia-a-dia, novas correntes se atam a nossos corpos, nos impedindo de seguir certas direções. No entanto, elas não só impedem, mas nos apontam e nos guiam para direções estabelecidas ou que estão em vias de se estabelecer. Ou seja, vivemos em meio a modos de vida já padronizados, que ao invés de só ficar nos impedindo de fazer algo, seja pela opressão ou repressão, elas também são positivas, no sentido de que sempre estão se atualizando, produzindo novas formas de vivermos isso que se quer que chamemos de Normal. As vezes, aquilo que aparece enquanto suposta saída, pode ser um novo dispositivo que se produz para nos colocarmos nos eixos. Explicarei melhor com um exemplo, que acaba de me vir a cabeça:

Hoje, 31 de março se institui como sendo o da Hora do Planeta, onde cidades de várias partes do mundo, seus habitantes, se organizam para desligarem as luzes por 60 minutos. Monumentos históricos e turísticos dessas cidades são apagados, a exemplo do Cristo Redentor, aqui no Rio que já está certo de apagar as luzes. Segundo a WWF - entidade que luta pela conservação ambiental, dentro de um contexto social e economico especifico (http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/organizacao/) - a hora do planeta é o seguinte: "A Hora do Planeta é um ato simbólico, promovido no mundo todo pela Rede WWF, no qual governos, empresas e a população demonstram a sua preocupação com o aquecimento global, apagando as suas luzes durante sessenta minutos." Não sou afeito a essas coisas. A bola da vez do capitalismo é o discurso de que é possível vivermos em meio a um modo de vida pautado na transformação de tudo e de todos em objeto de consumo, e ainda assim preservarmos o planeta. Preservar o planeta é uma dos novos discursos e dispositivos de legitimarmos o capitalismo enquanto único sistema possível de vida. Grandes empresas, muito conhecidas pela exploração e regimes de trabalho escravistas, como a Mcdonald's, Nike, Eike Batista, são agora os grandes defensores da moral ambientalista. Eu até aceitaria apagar as luzes, simbolicamente, como queirem, mas que em meio a isso fosse posto em discussão esse tipo de vida capitalística. Não há como discutirmos sobre novas formas de nos relacionarmos com nosso planeta, com o meio em que a gente vive, se não pusermos nessa discussão as estratégias de funcionamento do capitalismo. Impossível! Se assim não for, o movimento ambientalista, acabará (como já é!) se transformando no mais novo objeto de consumo do capital. Aliás essa é uma das grandes armadilhas e brilhantismo do capitalismo, fazer de tudo o que emerge como fora do alcance do seu campo de signos, um novo objeto de consumo. Não há lado de fora!

Isso pode aparentar um fatalismo a priori, mas não é bem por aí. Dizer isso, que não há lado de fora, é reconhecer que as estratégias de embate estão aqui, ao nosso redor, elas se fazem a todo momento. Ou seja, não há um mundo para além desse, um campo transcendente onde as coisas se resolveriam, um mundo das idéias, um futuro promissor, o progresso que já está desenhado. Os embates se dão no modo como resolvemos encarar a vida. Pensar que outros modos de vida são possíveis já é um caminho, ou seja, tentar sair do modelo do carro do ano, burguês padrão e pensar "é possível viver sem ter que ter o carro do ano, sem ter que ter um canudo, sem ter q ir a missa todos os domingos e comprar a roupa da moda". Já gritava um muro no movimento do maio de 68 "Sejamos realistas, tentemos o impossível".

Não há fórmulas prontas para isso, pensar assim seria cair na tal armadilha que denuncio, pois esta rapidamente passaria a vender a fórmula no shopping mais perto de sua casa. No entanto, para que uma outra forma de viver possa emergir é necessário que arrisquemos, que ousemos. É necessário que escutemos, assim como Drummond o anjo torto, quando este lhe disse "Vai, Carlos! Ser gauche na vida." O  gauche é uma palavra em francês que significa Esquerda. Ou seja, nos coloquemos sempre a esquerda da vida, é um forma de posicionamento político.Não pensemos a política de esquerda, como vem sendo amplamente falada, para ligar a esquerda a tal partido..tentar se manter a esquerda o máximo possível é buscar outra perspectiva na vida, olhar por outras lentes, pelo para-brisa de Clarice . É Brincar de viver! A brincadeira tem uma ótima característica, algumas tem suas regras ou prescrições, no entanto elas são totalmente flexíveis, se moldam com o andar da brincadeira. É fácil perceber isso ao vermos crianças brincando, a todo momento elas re-inventam-se brincando, saem outras crianças, criam novos mundos, novas relações umas com as outras, etc, etc..até vir um adulto e dizer que a brincadeira é sem lógica, que elas não estão fazendo certo!

Brincar de viver pode ser uma das formas de construirmos saídas, de apontarmos outras formas de viver. De afirmar o impossível. Mas engana-se quem ache que isso só pode ser feito se sairmos de nossos locus, no sentido espacial-concreto, ou seja, se pegar a mochila e sair viajando. Isso seria construir uma fórmula para a coisa. É possível viajar sem ter sair do lugar, sem mover a matéria que é o corpo. Como bem apontava outro pensador, é possível ser nômade sem viajar, sem um deslocamento material. Thiago e Ivan estão construindo para eles uma forma de viver, o pegar a estrada não vai ser o essencial (penso eu), mas o que potencializa essa ação deles é buscar possíveis, em vez de sufocamentos. Espero que muitos com os quais eles cruzarem pelo caminho, possam aprender isso.

Fica aqui meu desejo de boa sorte pela estrada!!! Com certeza estarei (daqui de onde estou) junto com eles e Clarice.

Para saberem da empreitada: http://www.brincandodeviver2.blogspot.com.br/ 

sábado, 3 de março de 2012

Sobre a música e a vida

Se bem me lembro, foram nos idos de 1993/94, tendo eu por volta dos meus 12 anos, que a música começou a se tornar algo diferente em minha vida. Como grande parte das pessoas (senão todas - fugindo de unanimidades), sempre escutei música. O filho caçula, de uma prole de 4, absorvi muito do gosto musical dos meus irmãos mais velhos. Antes de me atentar para música, já escutava e cantava músicas do Ultraje a Rigor, Guns n'Roses, Pink Floyd, Paralamas, Dire Straits, Sepultura, e por ai vai... mas como vinha dizendo, foram nos idos de 1993/94, que a minha relação com a música começava a se desenhar de uma outra forma. Um dos discos que fez parte desse momento, foi o primeiro do Gabriel, O Pensador,
no qual havia uma música chamada Hoje eu tô feliz, matei o presidente, na qual ele contava uma história onde matara o presidente Collor. A época, 2 anos tinham se passado do impeachment do Collor, lembro das manifestações, dos caras pintadas na tv e das falcatruas desse governo... pois bem, outras músicas do cd, como Abalando, Lavagem Cerebral, Indecência Militar e Resto do Mundo, vinham como murros na barriga, atentando para contradições de nosso país. A música deixava de ser somente um mero insturmento de diversão, coisa para dançar. A coisa passava a ficar séria! hehehe  Ela havia se tornado, para mim, um mecanismo onde eu poderia expor as revoltas com as coisas que aconteciam a minha volta. Em 1995 sai um disco que mudaria, mais uma vez, a minha vida: Vamo Batê Lata, dos Paralamas do Sucesso. Disco gravado ao vivo e o show foi repetidamente transmitido pelo canal Multishow. Músicas que já faziam parte de uma memória de infância se atualizavam, em meio a já uma cabeça que se fazia atenta ao que se dava no dia-a-dia "...a esperança não vem do mar, nem das antenas de tv, a arte é de viver da fé, só nao se sabe fé em que..." isso começava a fazer sentido. Músicas essa do lado mais conhecido da banda, mas outra como O Rio Severino,
 que carrega versos como "...És tu Brasil, ó pátria amada, idolatrada/ por que tem acesso fácil a todos os seus bens,/ enquanto o resto se agarra no rosário, sofre reza a espera de um Deus que não vem", e ainda embalada por batidas de ritmos de baião. Daí pra frente, não bastava só escutar música, era necessário falar sobre elas, saber quem as fez, o que queria e o que ela me provocava a pensar. Até hoje carrego isso comigo, mas há uma coisa que teima em se perder e que na época era potente: o ato coletivo, que era escutar música!
Nesses momentos descritos, sempre foram acompanhados por amigos da época da infância. O dois discos citados foram repetidas vezes escutado, juntamente com um grande amigo: Ivan Costa ( do blog Meus Versos, Meu Universo, linkado nos Blogs que leio). Se eu descobria uma banda nova ou um cd antigo, por exemplo, dos Paralamas corria para casa dele, para sentarmos, escutarmos e conversarmos sobre as músicas. Com ele a mesma coisa...eramos vizinhos. Cansamos de ficar horas e horas, sentados ao lado do som escutando bandas como Paralamas, Engenheiros, Legião, Titãs...Outros amigos também se somavam a esses encontros musicais, tais como, hoje em dia, meu cumpadre Rafael. Ou mesmo quando Thiago (hoje Nuts) ia passar férias em Estância.
Sem querer parecer saudosista, mas algo mudou na relação com a música. Não digo só comigo. Falei de minhas histórias, mas com certeza outros tiveram momentos muito parecidos. Assim como outras coisas na nossa vida, escutar música vem se tornando um momento muito individualizado. Não se permite mais que tenhámos aquele tempo de sentar ao lado do som, por o cd/vinil (nem vou falar do k7 hehe, gravei muito programa de rádio, especiais para escutar depois), e curtir o disco do inicio ao final. O lance é carregar as músicas no ipod, mp3/4/5/6/7/8/9/10, celular, por os fones no ouvido e pronto, vc tem sua própria playlist. Cada uma com sua. É só entrarmos em qualquer ônibus, metrô, avião, barcas e lá está alguém, com os fones nos ouvidos.
Alguns podem até falar "mas daí, tem gente que põe cada música tosca, que é preferível que ele escute sozinho", é a tal campanha pelo fone no busão! Concordo que tem coisas que não são do meu agrado. Não estou aqui falando dos outros e me eximindo. Também saio por aí, com os fones nos ouvidos, escutando minha playlist previamente preparada. E claro, que ainda há pessoas que se reunem pra escutar música, não estou generalizando, muito menos totalizando uma situação. Apenas aponto situações que percebo...voltando...
Ninguém quer saber o que outro tá escutando, cada um quer escutar o seu. E muitas vezes, o uso do fone, do mundo musical interno que se cria, serve para nos afastarmos dos outros. Vivemos num mundo onde o outro, o desconhecido é temido. A desconfiança, a priori, virou nosso principal princípio de vida. Sendo assim para evitar contatos imediatos de terceiro grau, as vezes inevitáveis, fingo que estou compenetrado no mundo do ipod e passo despercebido pelo outro, que pode ser uma senhora de idade avançada, que sobre no ônibus, e eu fingo nao ver para não ceder o lugar; ou o estudante que sobre abarrotado de livros e que eu fingo não ver, para não ter o fardo de segurar seus pertençes, para que o mesmo possa se segurar de uma forma melhor, em meio as freadas e avançadas dos motoristas, que por ter que cumprir metas estabelecidas pela empresa, tem que sair que nem doido pela cidade, para cumprir o tempo estipulado de viagem...
Não estou aqui querendo fazer um julgamento moral dos que põe o fone no ouvido e escutam suas músicas. Mas tentando pensar sobre o que é escutar música hoje em dia e em que isso está relacionado com o tipo de vida cada vez mais privada que se impõe aos nossos corpos.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sua pressa vale uma vida?

Há um bom tempo que penso em re-ativar esse espaço que criei para traçar algumas reflexões sobre o presente. Ele foi criado em 2008 logo que entrei no mestrado em psicologia social da UFS e estava intrisecamente ligado a minha proposta de estudo na época, que tomava por base a o pensamento do francês Michel Foucault, no que diz da sua perspectiva de uma história que se faz do e no presente, com intuito de desencaminhá-lo, de abrir brechas no que achavamos sólido, permitindo assim outros modos de pensar a vida, o mundo, nossos corpos... 2012, adentro no meu segundo semestre do doutorado, agora em outra cidade e em outra universidade da Univ. Federal Fluminense, mas as minhas inquietações ainda me levam a querer produzir as tais brechas. E vendo que isso tem que está muito mais além que um mero trabalho acadêmico, que ela tem que está na vida, vejo como necessário encontrar e criar outros espaços para tais provocações. É preciso que criemos reverber-ações!
Também nos últimos anos mudei alguns hábitos... cansado de esperar muito pelo busão, para ir para UFS e cansado de, assim que o pegava, de pagar caro por um serviço horrível, resolvi fazer um teste e ir de bike para UFS. De busão, contando o tempo de espera e do traslado, levava em torno 1h20m, para percorrer uns 6km. De bike, logo no primeiro dia, levei algo em torno de 25 a 30min, uma vez que ainda nao tinha me aventurado em meio aos carros, ônibus e caminhões - e para quem anda de bike sabe bem como é isso. Com o tempo de prática em meio ao trânsito louco dos automoveis-motocicletas, comecei a gastar 15min!!
Poderia aqui apontar pela melhoria na qualidade de vida, do corpo constantemente bronzeado que a vida em cima de duas rodas proporciona...mas uma outra coisa, muito mais interessante e estranha ao mesmo tempo começava a saltar aos meus olhos: uma outra cidade, uma outra Aracaju começava a se formar. Coisas que antes não eram percebidas, que se faziam "invisíveis", devido a velocidade com que nossos corpos passam, dentro dos carros e outros veiculos motorizados. E em meio a isso tudo, entro em contato com produções acadêmicas que teimam em pensar sobre isso.
"Corpos de passagem"[1] livro da professora da PUC-SP, Denize Sant'Anna, traz a seguinte linha de problematização, onde a invenção do mundo dos deslocamentos mais velozes - que emerge entre o sec.XIX e XX-, através dos automóveis, trens e aviões, cria novas formas de liberdade, porém também cria agonias, desconfortos. Com advento desses novos meios de circulação por entre os espaços, o que nos passa é muito pouco percebido. As paisagens vão desaparecendo, os corpos também desaparecem em favor de uma velocidade dos movimentos, que impedem de enxergarmos os nossos limites singulares. Por mais que se esteja em movimento, os corpos sentem-se estacionados. A viagem torna-se apenas uma mudança de desenho, de uma localidade.
Tudo aquilo que venha ser visto como obstáculo à velocidade, deve ser vencido..cortam-se arvores, fazem sumir morros inteiros, casas, corpos ao relento, tudo em nome da construção de novas vias de escoamento doque tráfego já congestionado e que passará a congestionar-se em outros lugares... nos transformamos em corpos que apenas passam, mas nao mais apreciam a paisagem, não mais vivem, só passam! A velocidade como sinônimo de eficácia - nos mais variados sentidos que isso possa servir -, o que nos lentifica deve ser atropelado. Apesar de falar diretamente do trânsito, isso serve para outros espaços onde os corpos estão...
Parece que essas questões trazidas por Sant'Anna podem ser pensadas a partir desse caso da ciclista paulista morta ontem, ou do ciclista aracajuano (Rogério) morto em dezembro último. Não que os motoristas tenham feito de propósito - aparentemente -, mas é tão enraizada a idéia da rua para os carros, da velocidade enquanto eficácia, da desensibilização dos corpos, quando nos veiculos, para aquilo que os rodeia, que fica dificil a tão sonhada idéia do trânsito compartilhado... claro que também não pode ser uma barreira para pararmos de lutar, de brigar para que tenhamos o direito - pensado muito além do direito baseado em algum preceito legal/constitucional de base Estatal - de nos deslocarmos como bem entendermos: de bike, a pé, de patinete, de patins, pogobol; essa luta passa por uma discussão muito mais complexa - no sentido de que envolve muitas outras coisas -, que prefiro parar por aqui e continuar em um outro post..

E vamos conversando!

[1] SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. Corpos de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea. 2ª.ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2005.

* Foto por Léo Barrilari/FRAME/AE, retirado do site http://www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000489173

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A vida como ela é....

Cena X


(EU PAGO!!!)

- Eu dou ponto! eu dou ponto! - dizia inscessantemente o professor aos seus alunos e continuava...- eu darei ponto a todos aqueles que escreverem, nem q seja um "Li!".

Estava ele usando da moeda corrente da sala de aula: A Nota!...alguns manifestaram-se contrários ao que foi dito...nao sei se nao queriam ser corrompidos (seria isso possível?)...nao sei se achavam que não ganhariam o suficiente...nao sei se achavam aquilo nosense...bom não sei...outros permaneceram calados...não sei se aceitaram o suposto "suborno"(legitimo...deveras, legitimo)...não sei se aquilo seria suficiente para satisfazer o desejo deles...ou se nem escutaram, se nem estavam ali...tambem não sei. O fato é que uns mostraram-se, ao meu ver, claramente Peixotos, outros foram Edgares...outros pareciam andar pra trás...alguns poderão até mostrar-se canalhas, mas só amanhã, no dia seguinte...vai saber!

é sempre bom poder provocar...e provocar onde mais incomoda...para alguns foi a questão da nota, para outros no "caráter", para outros no fato de sentir-se fazendo parte de um ato irônico...nesse lado a ironia nao foi engraçada!! ver pelo vidro é engraçado, ser vomitado por ser morno nem tanto...

a frase do Otto ganha forças novamente...até quando nao sei...

"O mineiro só é solidário no câncer!!" até quando??!!



quinta-feira, 25 de setembro de 2008

uma história sobre um "eu professor"

Engraçado como as coisas se dão...essa semana comecei meu Estágio em Docência, durante todo esse periodo de 2008/2 da Ufs estarei como professor, juntamente com meu orientador no mestrado, de uma disciplina cuja a tematica é Cinema, História e Psicologia.
Nesse primeiro dia de aula fomos la ver o povo que faria parte da disciplina. Caras mais que conhecidas, umas muito pouco, somente por corredores, outras conhecídissimas e algumas delas tendo um carater afetivo e satisfatorio tanto para mim qt para elas, por tê-las participando comigo dessa nova experiencia que terei. E uma experiência, nao de experimentar algo para descobrir seu verdadeiro sabor, mas no sentido de justamente tá se estranhando com situaçoes como essa de ser professor; de dar aula para amigos meus, pessoas q tenho tipo de relaçao muito forte e que agora estão como meus alunos hehehe. Creio q será muito bom ter essas experiência, pois pela posiçao que cada um de nós tomaremos nesse espaço-tempo da disciplina, nos abriremos pra outros tipos de relaçoes que teremos que vivenciar. Quer queria eu, ou nao, estou numa posiçao diferenciada da deles, como diria o careca frances, assumo uma posiçao de poder e devo ter isso em mente, uma vez que esta posiçao traz em si implicaçoes as quais devo estar atento. Existem exigencias institucionais as quais tenho q dar conta como por ex., avaliaçoes dos alunos; preparar semanalmente um esboço da aula, para nao ir de maos vazias (se bem que mesmo tendo algo previamente preparado, na garante q sairá como penso...por isso também está preparado para o inesperado, alias, é o que mais espero que role).
E olhe que essa disciplina nao começou essa semana. Já venho pensando nela desde o mês de junho. Ao escrever um esboço do meu projeto de dissertacaçao do mestrado, em conversas com Kleber, foi surgindo ideias para a disciplina. A principio a ideia do Cinema veio de Kleber, que ja queria montar um disciplina com essa temática. Ele jogou a ideia para mim, eu comecei a mastiga-la, até produzir algo próximo do meu projeto. Quando conseguimos pensar algo mais proximo ao q ambos queriam, comecei meu trabalho de minerador: fui garimpar textos, os mais variados, sobre cinema. Vale lembrar, dentro da temática, a questão da História e da Psicologia já me eram mais proximas, afinal me formei no curso de psicologia e tinha uma monografia dentro do campo da história...mas cinema..hummm...ai era dificil! Era apenas um apreciador da setima arte, sem nenhum conhecimento mais técnico ou melhor, sem uma aventura pelos meios mais academicos sobre o Cinema. Pois entao, sai fuçando a net, atras de artigos, sites especializados e o escambau...coisas que mesclassem cinema, historia, corpo, psicologia...encontrei coisas muito interessantes, outras nem tanto...li, li e li (ainda estou lendo)...daí, depois de um periodo de leituras prévias, as coisas começaram a ficar mais claras por onde eu poderia caminhar. "e fui andando, sem pensar em voltar e sem ligar pro que me aconteceu" com bem diria Rita Lee...depois de algumas coisas mais claras em mente, veio o trabalho de pensar os filmes que poderiam encaixar nessa proposta..conversava com um amigo ali, outro acolá, falava de minhas idéias e sempre vinha uma dica de um filme...fiz uma lista de uns 14 filmes que poderiam está na lista de 8 que teria que escolher...a lista dos 14 ficaram irredutiveis por um tempo...
Nesse meio tempo fui catantdo textos que poderiam tambem ajudar nas discussões...lia um, outro, e mais outros...lia uns e pensava "Muito bom, tem coisas legais...porém é muito complicado" (nao que a complexidade seja ruim...mas que como uma das propostas da disciplina era proporcionar espaços de produçao de sentido, de discussoes mais fluidas..textos com esse caráter poderiam nao ser uma boa ideia). Um desses textos está no livro do Peter Pal Pelbart, O tempo não-reconciliável, onde o primeiro capitulo ele vai tratar de noçoes de Tempo em Gilles Deleuze, mostrando que o tempo também multiplo e o cinema consegue muito bem mostrar como se pode inventar tipos diferenciados de tempo a depender da montagem que se proponha uma cena, um filme, um movimento de câmera...texto muito bom, mas com um nível de complexidade que nao caberia na proposta da disciplina. (sei que futuramente usarei ele em outros espaços-tempo). Catei, catei e fui encontrando coisas legais para usar na disciplina...esse trabalho está quase terminado, ainda ficou faltando um texto a ser escolhido e que estou na pesquisa (ja sei qual autor utilizar, mas nao o que dele ainda).
Com a escolha dos textos veio a escolha dos filmes...pra cada texto dois filmes que se aproximam...veremos primeiro os filmes, as impressoes que sairao deles, que sentidos produzirá..e por ai vai!
Ainda nesse tempo de montagem da disciplina (nessa montagem, produzo um tempo de como ela funcionará...a partir da forma como estruturei a disciplina, juntamente com kleber, o tempo que ela terá vai tomando forma) teve tambem o trabalho de reserva da sala de video da Biblioteca da Ufs, que servira como espaço de exibiçao e apreciaçao das obras cinematograficas. Nesse dia, cheguei na secretaria da sala de video e fui falando que era professor de um futura disciplina e que queria reservar a sala para alguns dias especificos. Conversando com o rapaz secretaria disse q nao era bem o professor titular da disciplina, que era estagiario, mas que exerceria funçao de professor. Nisso o cara veio dizendo q eu poderia fazer a reserva, pois pela norma só os professores é que poderiam. Argumentei com ele se nao poderia deixar um pré-reserva e que depois o professor titular entraria em contato para confirmar. Mesmo assim nao houve aceitaçao....argumentei mais ainda..até q o cara, nas palavras dele "abro uma exceçao para você, mas estou indo contra as normas", fez a reserva. Só que a sala que ele reservou estava com o aparelho de DVD quebrado e que eu teria que providenciar..aff mais uma coisa para providenciar (q nao estava em meu script :P)...e eu aceitei. Levarei o aparelho daqui de casa, sem problemas!
Bom, depois de tudo acertado, quando se pensava está tudo encaminhando, um problema inesperado aparece: o numero de vagas da disciplina. A disciplina havia sido pensada para no maximo 15 alunos, mas por problemas do sistema do DAA, qt a oferta, foram oferecidas 35 vagas. Quando fiquei sabendo, ja haviam 31 pessoas previamente matriculadas...booommmm...tentei ver se isso poderia ser revertido, mas impossivel sair ligando pra pessoas que se matricularam e perguntar "Oi fulano, vi que vc se matriculou na disciplina sobre cinema. Mas houve um erro no sistema do Daa, ela era apenas para 15 vagas e ofertaram 35. Por acaso você teria interesse em nao mais fazer essa disciplina?"..sem condiçoes. O lance era comprar a briga!! E foi isso que fiz, juntamente com kleber. Sei que no final tivemos 24 matriculados e no primeiro dia de aula entraram mais 4 se nao me engano. 28 alunos!!!
A primeira aula foi legal...tive a leve impressao de que poderao sair coisas bem legais daqui pra frente...bom cansei de escrever...postarei mais sobre as impressoes ao decorrer do curso.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Escolhas???? Onde??

Ai ai, faz tempo que nao paro pra escrever algo diretamente para esse blog, para o q me propus quando resolvi criar-lo (o último post foi de umt exto escrito para a apresentação da sessao coordenada na semana de psico da ufs). Dentre as razões posso colocar: preguiça, desinteresse, falta de assunto(nem tanto), tempo, dificuldade em escrever, entre outras.
Bom, vou tentar cuspir algo hoje...uma coisa q me incomodou recentemente foi algo que ocorreu em uma das aulas do mestrado. Na quarta a tarde, durante a aula de Teorias em Psicologia Social, assistimos a um filme, q se nao me engano chama-se Caminhos para Kandhar, o qual conta a historia de uma Afegã, que viveu a maior parte de sua vida no Canadá e que resolve voltar a sua cidade natal para impedir que a irmã cometa suicidio durante um eclipse. Durante o filme essa personagem vai relatando o que vê, sobre a cultura daqueles povos, a pobreza, a submissao feminina (as mulheres com suas burcas e tal)...depois do filme uma das discussoes q mais tomaram força era sobre essa condiçao da figura feminina no mundo islamico, em especial, afegão...mas durante a discussao uma das colegas trouxe um relato bem interessante, no qual ela havia visto uma entrevista de uma afegã ou era uma mulher muçulmana de outro país, acho, na qual ela falava de q em nossa cultura costumamos falar o quanto a mulher muçulmana sofre e tal, por causa do machismo, da imposicao do uso do véu ou da burca...e essa mulher falava que nem tudo é imposiçao, ela reconheceu q sua cultura as mulheres ainda tem uma certa sujeiçao ao homem, mas que o uso do veu ou da burca tem suas razoes, a mulher preserva seu corpo, nao sai mostrando ele para qualquer um. se tem que mostrar a beleza de seu corpo, a mostra em sua casa para seus familiares...e retrucou que a aqui é diferente, preferimos nos arrumar para os outros, os desconhecidos e quando estamos em casa, estamos aos "farrapos" (nao levar esse termo ao pé da letra)..bem interessante esse comentario, faz-nos questionar certos valores q temos...e é disso que quero partir. Me incomodava na aula o motivo de só falarmos da cultura muçulmana, q lá tem isso, aquilo e bla bla...para mim é muito difícil falar sobre isso, pois as informaçoes que tenho desse povo foram quase todas obtidas pela mídia e sabe-se ou melhor, eu tenho essa impressao, que nao se confia em tudo que a midia propaga, ainda mais sobre o mundo islamico, principalmente dps que o tio sam declarou guerra a esses povos e fez a caveira de tudo que tivesse esse tipo de origem...entao grande parte das coisas q eu fosse falar seria atraves desse olhar e uma coisa q tento nao ser é etnocentrico...mas isso nao quer dizer que nao se deva discutir sobre isso. mas pra mim existe um limite, justamente por nao ter um bom conhecimento, ultrapassando esse limite caio no etnocentrismo...creio q durante a aula perdemos uma oportunidade de discutirmos coisas que nos rodeiam...por exemplo, no filme tivemos uma boa impressao de como sao pobres aqueles povos, uma pobreza, ate certo ponto, diferente daqui nos é mostrado e temos em nosso país, nao saberia como descrever, mas é diferente...mas ao mesmo tempo o filme provoca uma inquietacao com certos valores daquela cultura, como a posicao social feminina...chegamos a discutir sobre questoes raciais, sobre que em nossa cultura ainda se enxerga resquicios de trabalho escravo, como no exemplo dado da empregada domestica q assim como a mucama, passa o dia com filho da patroa tomando conta, mas ao contrario da epoca colonial, a patroa hj nao fica na casa grande, tecendo bordados ou preparando o chá das cinco. A patroa, pega seu carro, pega uma puta transito, vai pra seu trabalho e passa o dia todo resolvendo problemas, e no final do dia volta pra casa, pega outro engarrafamento, chega em casa estressada, com uma pilha de coisas q nao resolveu no dia q se acumularao durante a semana, fim de semana, mês...e por ai vai...será q nao é um tipo de trabalho escravo?? alguns dirao: "ah, mas ela tem o q comer- do bom e do melhor, diga-se de passagem- durante o dia!!"; "ah, mas ela ganha muito mais q a empregada domestica", etc; Verdade!! Ganha sim, tem um padrao de vida melhor - visto a partir de uma certa norma. Mas nao quer dizer ela esteja fora de uma vida filha da puta, q suga, suga, suga até matar...outros dirão: "ah, ela é privilegiada, pois pode escolher outra forma de vida: onde trabalhar; se vai ou nao de carro pra o trabalho"...já isso eu nao vejo como! essa idéia de que temos escolha em nossa vida é algo q a cada dia nao acredito mais...dizem que temos escolha na hora de consumirmos qualquer produto..basta pesquisar e achar o mais em conta e daí escolheremos a melhor forma de gastar nosso dinheiro...mas onde fica a escolha de Nao Consumir??? eu nao consigo nao consumir! nesse exato momento, enquanto digito, seja indireta ou diretamente estou consumindo ou sendo produto de consumo de algum jeito: consumo minhas horas na net, pois paguei o provedor; consumo a energia que paguei; to consumindo os oculos que comprei; to servindo como ponte para que o provedor que acolhe esse site ganhe dinheiro, por eu acessar e dps outros acessarem....e por ai vai!!...É, perdemos uma boa oportunidade de discussao...e fico sempre me perguntando o que nos impede...na verdade ate q sei que forças agem sobre a gnt q nos impedem...é dificil enxergamos, como foi dito tb na aula, nao passamos de uma mera empregada/o, nao muito diferente da empregada domestica...sempre tendemos a achar q nossa profissao, seja ela de professor, psicologo, medico, tem um status acima de outros (ate certo ponto tem), mas se colocamos em analise isso, percebemos o quanto estamos emaranhos na mesma teia e somos sugados de formas parecidas..uns sentem de forma mais direta..outros tem dinheiro para comprar drogas que somente amenizam a dor.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Breves impressões sobre o novo Mestrado em Psicologia da UFS

A idéia dessa sessão temática nasceu de sugestão dos professores de nossa linha de pesquisa. Para que levássemos alguma discussão acerca da implementação e de nossa inserção do Mestrado em Psicologia Social e Política da UFS. Aceitamos a tarefa, mas sem saber ao certo o que faríamos. Em nossas primeiras discussões várias foram as idéias que surgiram...idéias sempre surgem, a questão é como coloca-las para funcionar. Chegamos a um certo consenso que a discussão que traríamos para cá seria sobre nossas impressões sobre o NOVO Mestrado em Psicologia da UFS; sobre esse NOVO momento em que passa o curso de psicologia. E é sobre essa idéia de NOVO que gostaria de começar.

O NOVO, algo que não se conhecia, que até certo tempo não existia e que emerge, sendo produto de variadas relações sociais, sempre traz consigo ansiedades, expectativas e “aflições”. É comum nos sentirmos desprotegidos frente ao NOVO, ao que de certa forma, foge a um padrão normalizado de acontecimentos, movimentos, pois nos é incerto o que virá logo à frente, mas ao mesmo tempo esse NOVO proporciona a produção de outras formas de se vivenciar o mundo, as relações, etc.

Esse NOVO se dá quando o colocamos na questão do tempo de existência institucional do mestrado, aprovado no ano passado e tendo sua primeira turma começando suas atividades em Março do corrente ano. Digo institucional porque há um tempo já se ouvia pelos corredores toda uma vontade de criar um curso de mestrado na UFS, vendo professores buscando qualificação para poder formar um quadro de professores que garantissem a aprovação de um mestrado. Acompanhei isso durante a minha graduação, vi professores saindo para seus doutorados e outros retornando. Além de acompanhar, por pouco tempo o começo das reuniões onde já se encaminhavam os tramites para a concretude desse fato.

O mestrado traz como característica de sua única área de concentração ser um curso de Psicologia Social e Política, descrito como um campo de estudos e pesquisas voltado para a análise das condições sociais nas quais as subjetividades individuais e coletivas são constituídas e nas quais se fomentam possibilidades de transformações na cultura, por indivíduos e coletividades. E o termo Política não ta ali por mero acaso, por mera estética. Entendo política como uma ação de produção ou reprodução de modos de vida, de modos de relações entre os sujeitos. Sendo assim a construção do mestrado também perpassa essas condições de produção de políticas que irão referenciar as ações dos que compõem o núcleo da pós-graduação, sejam os docentes ou os discentes (oficiais ou não, lembrando dos estudantes vinculados em matérias isoladas ou os ouvintes), além dos que se ligam institucionalmente por outras vias.

Uma das questões que envolvem esse NOVO que trazemos a discussão é justamente essa postura de saber que as políticas do curso do mestrado estão ainda se continuarão sendo construídas. Sempre que nos deparamos com algo como um curso de mestrado, ou vestibular, algo ligada a uma instituição, no caso educacional, temos a idéia de que ao chegarmos lá tudo estará totalmente pronto, só esperando nossa entrada de forma oficial e que temos nisso a segurança de que teremos um curso funcionando de forma regular, que está tudo posto e basta seguir a risca que o futuro esperado está garantido. Não que o curso do mestrado da UFS esteja desorganizado, não é disso que estou falando. Mas acabamos por acreditar que as políticas que se determinaram num dado momento da implementação do mestrado serão as mesmas até o final. E isso não acontece. A cada reunião do colegiado do mestrado discussões são feitas e dessas discussões são produzidas novas políticas, mesmo não sendo de caráter formal frente a instituição, que atravessarão os modos de ação dentro do mestrado. A produção de políticas não cessa, ainda mais num curso que está no seu primeiro ano. Muitas coisas são novidades não somente para os estudantes, mas também para os professores. E essa afronta com a novidade nos obriga a tomarmos posição, a afirmamos nossas vontades frente ao que está se construindo.

O mestrado, apesar de possuir uma área de concentração, está subdividido em duas linhas de pesquisa: Processos de Subjetivação e Política e Processos Sociais e Relações Intergrupais. A primeira linha se subdivide em três outros grupos de pesquisa: Grupo de estudos e pesquisa sobre Exclusão, Cidadania e Direitos Humanos (GEPEC); Grupo de Pesquisa Produção de Subjetividade, saúde e autonomia individual e coletiva (PROSAICO); e o Grupo de pesquisa Clinica Psicanalítica e cultura contemporânea. A segunda linha de pesquisa subdivide-se em Grupo de pesquisa, planejamento e avaliação em Educação e Psicologia e Psicologia Comunitária; O Grupo de Pesquisa Normas Sociais, Estereótipos, Preconceito e Racismo. Estes grupos de pesquisa também possuem suas subdivisões, mas não há necessidade de citar. A questão é só para perceber a diversidade de idéias em que está imerso o mestrado.

Essa diversidade proporciona diversos olhares sobre um mesmo tema e com isso produz diversificados tipos de conhecimento. E essa diversificação, consequentemente, gera conflitos. Não há como pensar o ato de fazer política sem que esteja presente situações de conflitos. E isso está presente desde a reunião de colegiado do curso, ate nas discussões dos estudantes, até porque, se há diversidade nas linhas de pesquisa, no corpo docente, há certamente no meio estudantil. Essa multiplicidade de sujeitos traz em consigo, o que já foi levantado antes sobre que nesse decorrer do curso novas políticas que servirão de referencias para o modo este caminhará, irão surgir. Com certeza daqui a dois anos, quando essa turma se formar muita coisa terá mudado na forma de se tocar o curso. Não sei se pra melhor ou pra pior, não como saber.

Esse campo da produção de políticas também é interessante pensar não só nas questões internas - se é que posso caracterizar assim -, se darão também nas produções de saberes que se espera do mestrado. Mais uma vez trago que o nome Política não está presente por acaso, tem a ver com essa preocupação do que se estará fazendo das produções pretendidas. Não há como dissociar uma questão como “O que estamos fazendo de nós mesmos?(enquanto estudantes do mestrado)” de “O que estamos fazendo dos outros?”. Não há uma dissociação entre Psicologia Social x Política, ver-se as duas imbricadas, indissociáveis. Muita das vezes achamos que o que fazemos aqui na academia está desvinculado da sociedade, pelo mera questão de nossos trabalhos não terem adentrado a um campo empírico de ações. Acho que esse titulo nos faz repensar isso. O saber que produzimos tem impacto de que forma no meio social, uma vez que a universidade não está dissociada, como muitos ainda pensam, do meio social. É muito fácil de constatar isso ao ver nos meios de comunicação a importância que se dá a estudos feitos dentro dos espaços universitários, já recebido como a Verdade. O legal dessa nova proposta do curso de mestrado é que ele traz, desde seu título, a possibilidade de pensarmos sobre novas formas de psicologia social - se é que toda psicologia já não seria social! Essa própria atividade do “Pensar” já se torna algo interessante, entendo ele como um ato que fere ou reconcilia, que subjuga ou liberta, e que também cria, não como desvincula-lo do ato de fazer política. Todo ato de pensar carrega um modo de fazer política e toda política carrega um modo de pensar.

Há uma experiência que nós passamos a pouco no mestrado que demonstra essa questão da produção de políticas que atravessa o mestrado. O mestrado tinha (hoje já está certo isso) bolsas a serem pleiteadas frente a instituições de financiamento a pós-graduação. Mas não existia nada concreto de como se dariam as seleções para os bolsistas. Durante uma reunião de colegiado saíram alguns critérios que referenciariam a escolha e foi criada uma comissão para avaliar os possíveis bolsistas. Como essa era mais uma etapa nova dentro do mestrado, decidiu-se por fazer uma entrevista coletiva como todos os candidatos a bolsa. E nessa entrevista foi jogada a proposta de O Grupo construir a política que serviria como forma de escolha dos bolsistas. O interessante de se trazer dessa reunião é justamente essa questão da produção de uma política a partir do grupo que disputava pela bolsa. Quando vamos fazer parte de qualquer tipo de seleção já vamos sabendo ou esperando que todo processo já tenha sido construído de antemão e seremos avaliados por especialistas que garantiram uma certa neutralidade, para escolher os mais aptos. No caso do mestrado foi diferente. Ao não se tomar uma posição de especialistas e jogar para o grupo a construção da própria política, forçou-se a que todos que estavam ali tomassem posição frente ao assunto. Como era de se esperar e como foi dito, gerou-se conflitos, no sentido de que varias idéias foram debatidas, desconfortos perpassaram os atores, até se chegar a um certo consenso que gerou o resultado dos bolsistas. É interessante disso ver como quando nos é exigido esse Tomar Posição Política frente a situações, como é difícil para a gente assumirmos esse papel, uma vez que não nos é comum esse tipo de atitude.

Essa inserção no mestrado, dentro de toda essa relação de forças que o perpassa e o perpassará e que não temos como fugir, ou se fugirmos uma hora ou outra nos pegará, nos faz levantar algumas questões sobre como isso nos afeta. Entre elas está justamente esse do Fazer Política. Como é encarar esse processo que nos joga no coletivo? Que nos tira de uma condição de mero agente passivo para uma possibilidade de sermos ativos nesse processo (lembrando que podemos continuar passivos, mas em um dado momento espera-se uma atividade nossa)? Como encarar uma situação que foge a nossa lógica cotidiana de funcionamento??
P.s.: texto escrito para apresentação da Sessão Temática do III Encontro de Psicologia da UFS, a partir das impressoes minhas, de Bruno e Ariane.
P.s.: resolvi colocar esse texto aqui, porque se encaixa bem com a proposta do blog.