sexta-feira, 4 de julho de 2008

Escolhas???? Onde??

Ai ai, faz tempo que nao paro pra escrever algo diretamente para esse blog, para o q me propus quando resolvi criar-lo (o último post foi de umt exto escrito para a apresentação da sessao coordenada na semana de psico da ufs). Dentre as razões posso colocar: preguiça, desinteresse, falta de assunto(nem tanto), tempo, dificuldade em escrever, entre outras.
Bom, vou tentar cuspir algo hoje...uma coisa q me incomodou recentemente foi algo que ocorreu em uma das aulas do mestrado. Na quarta a tarde, durante a aula de Teorias em Psicologia Social, assistimos a um filme, q se nao me engano chama-se Caminhos para Kandhar, o qual conta a historia de uma Afegã, que viveu a maior parte de sua vida no Canadá e que resolve voltar a sua cidade natal para impedir que a irmã cometa suicidio durante um eclipse. Durante o filme essa personagem vai relatando o que vê, sobre a cultura daqueles povos, a pobreza, a submissao feminina (as mulheres com suas burcas e tal)...depois do filme uma das discussoes q mais tomaram força era sobre essa condiçao da figura feminina no mundo islamico, em especial, afegão...mas durante a discussao uma das colegas trouxe um relato bem interessante, no qual ela havia visto uma entrevista de uma afegã ou era uma mulher muçulmana de outro país, acho, na qual ela falava de q em nossa cultura costumamos falar o quanto a mulher muçulmana sofre e tal, por causa do machismo, da imposicao do uso do véu ou da burca...e essa mulher falava que nem tudo é imposiçao, ela reconheceu q sua cultura as mulheres ainda tem uma certa sujeiçao ao homem, mas que o uso do veu ou da burca tem suas razoes, a mulher preserva seu corpo, nao sai mostrando ele para qualquer um. se tem que mostrar a beleza de seu corpo, a mostra em sua casa para seus familiares...e retrucou que a aqui é diferente, preferimos nos arrumar para os outros, os desconhecidos e quando estamos em casa, estamos aos "farrapos" (nao levar esse termo ao pé da letra)..bem interessante esse comentario, faz-nos questionar certos valores q temos...e é disso que quero partir. Me incomodava na aula o motivo de só falarmos da cultura muçulmana, q lá tem isso, aquilo e bla bla...para mim é muito difícil falar sobre isso, pois as informaçoes que tenho desse povo foram quase todas obtidas pela mídia e sabe-se ou melhor, eu tenho essa impressao, que nao se confia em tudo que a midia propaga, ainda mais sobre o mundo islamico, principalmente dps que o tio sam declarou guerra a esses povos e fez a caveira de tudo que tivesse esse tipo de origem...entao grande parte das coisas q eu fosse falar seria atraves desse olhar e uma coisa q tento nao ser é etnocentrico...mas isso nao quer dizer que nao se deva discutir sobre isso. mas pra mim existe um limite, justamente por nao ter um bom conhecimento, ultrapassando esse limite caio no etnocentrismo...creio q durante a aula perdemos uma oportunidade de discutirmos coisas que nos rodeiam...por exemplo, no filme tivemos uma boa impressao de como sao pobres aqueles povos, uma pobreza, ate certo ponto, diferente daqui nos é mostrado e temos em nosso país, nao saberia como descrever, mas é diferente...mas ao mesmo tempo o filme provoca uma inquietacao com certos valores daquela cultura, como a posicao social feminina...chegamos a discutir sobre questoes raciais, sobre que em nossa cultura ainda se enxerga resquicios de trabalho escravo, como no exemplo dado da empregada domestica q assim como a mucama, passa o dia com filho da patroa tomando conta, mas ao contrario da epoca colonial, a patroa hj nao fica na casa grande, tecendo bordados ou preparando o chá das cinco. A patroa, pega seu carro, pega uma puta transito, vai pra seu trabalho e passa o dia todo resolvendo problemas, e no final do dia volta pra casa, pega outro engarrafamento, chega em casa estressada, com uma pilha de coisas q nao resolveu no dia q se acumularao durante a semana, fim de semana, mês...e por ai vai...será q nao é um tipo de trabalho escravo?? alguns dirao: "ah, mas ela tem o q comer- do bom e do melhor, diga-se de passagem- durante o dia!!"; "ah, mas ela ganha muito mais q a empregada domestica", etc; Verdade!! Ganha sim, tem um padrao de vida melhor - visto a partir de uma certa norma. Mas nao quer dizer ela esteja fora de uma vida filha da puta, q suga, suga, suga até matar...outros dirão: "ah, ela é privilegiada, pois pode escolher outra forma de vida: onde trabalhar; se vai ou nao de carro pra o trabalho"...já isso eu nao vejo como! essa idéia de que temos escolha em nossa vida é algo q a cada dia nao acredito mais...dizem que temos escolha na hora de consumirmos qualquer produto..basta pesquisar e achar o mais em conta e daí escolheremos a melhor forma de gastar nosso dinheiro...mas onde fica a escolha de Nao Consumir??? eu nao consigo nao consumir! nesse exato momento, enquanto digito, seja indireta ou diretamente estou consumindo ou sendo produto de consumo de algum jeito: consumo minhas horas na net, pois paguei o provedor; consumo a energia que paguei; to consumindo os oculos que comprei; to servindo como ponte para que o provedor que acolhe esse site ganhe dinheiro, por eu acessar e dps outros acessarem....e por ai vai!!...É, perdemos uma boa oportunidade de discussao...e fico sempre me perguntando o que nos impede...na verdade ate q sei que forças agem sobre a gnt q nos impedem...é dificil enxergamos, como foi dito tb na aula, nao passamos de uma mera empregada/o, nao muito diferente da empregada domestica...sempre tendemos a achar q nossa profissao, seja ela de professor, psicologo, medico, tem um status acima de outros (ate certo ponto tem), mas se colocamos em analise isso, percebemos o quanto estamos emaranhos na mesma teia e somos sugados de formas parecidas..uns sentem de forma mais direta..outros tem dinheiro para comprar drogas que somente amenizam a dor.