segunda-feira, 31 de março de 2008

"Você precisa de alguem que te der segurança, senão você dança..." Segurança (Humberto Gessinger)

"Nas grandes cidades do pequeno dia-a-dia
O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia"
Muros e Grades (Humberto Gessinger e Augusto Licks)
Estive recentemente na cidade de Salvador e me dei conta de uma coisa, que em Aracaju tá ganhando um destaque. Acho que não é de hoje que na capital baiana existem e vêm se construindo cada vez mais condominios fechados de casas, mas dirigindo pela Paralela vi muitos anuncios de condominios que estao prestes a serem concluidas as obras, quanto outros que estão em projeto. E o número, creio eu, tanto das construçoes quanto da procura vem aumentando. Aqui em Aracaju não é diferente. Se pensarmos, logo de primeira sobre isso, poderemos tirar algumas explicaçoes para isso. A primeira de todas, o carro chefe, diz-se ser que esse tipo de habitaçao garante a Segurança de quem o possui. Segundo, deve vir uma questao de conforto, pois morar em apartamento é algo que não agrada a muitos, principalmente aqueles que moraram grande parte de suas vidas em casas e ao crescer e constituir uma nova vida, teve que procurar uma nova moradia e os apartamentos eram algo mais em conta, por exemplo. Acho que dava pra especular um pouco mais e dizer que esse tipo de moradia permite maior Liberdade a quem lhe habita. Pois bem, partindo desses pontos vamos pensar um pouco mais...
Segurança...hmmm assunto central de nossas vidas, hoje em dia...a todo momento vemos, ouvimos e lemos noticias de que o mundo está imerso num ciclo de violencia que se nao nos atingiu ainda, pode ter certeza que atingirá uma hora ou outra e entao devemos está preparados, nos protegendo da melhor forma possivel, pra que pelo menos o impacto seja amortecido...os meios de comunicaçao pegam uma situaçao de assalto, assassinato, confroto policial, etc. e eleva a enésima potência, mostrando que por mais que o fato tenha se passado no interior da floresta amazonica, na fronteira brasileira com a colombiana, aquilo pode bater a nossa porta num instante. Por exemplo, situaçao como a do Rio de Janeiro de confrontos (como diz a midia, pois nem sempre existe confronto) da polícia com os traficantes e das imagens de carros que passam proximos ao confronto, recuando, voltando pela contramao ou neguinho saindo de qualquer jeito para se esconder, sao passados como se toda a populacao do Rio vivesse se escondendo, como se ninguem saisse de casa e que o medo é total...a midia faz todo um trabalho de terrorismo em seus noticíarios para assim aumentar o medo das pessoas, nao só do Rio, no caso em questao, mas de todo o nosso país ou de outros países, uma vez que hoje a informaçao é acessivel em tempo real em qualquer parte do mundo...nessa de terrorismo, de que estamos imersos num país sem segurança, produz-se um modo de vida de desconfiança..incentiva-se a desconfiança como forma de garantir a nossa segurança...mas só isso não é satisfatorio. Nao basta nao mais falar com estranhos, tem que ter um lugar seguro pra se morar. E hoje isso tem a ver com a vigilancia constante e pra que esta exista é preciso ter um espaço com seus limites controlados, vigiados constantemente seja por cameras, seja por seguranças. Tudo isso gera toda uma industria que irá produzir todos os equipamentos necessarios a dar segurança às pessoas que a desejem ou melhor, que possam pagar por ela. Veja bem, atraves da produçao de uma politica do medo, produz tambem meios de ganhar com isso...nada foge a mercantilização, nao por muito tempo!!! Aí aparecem esses condomínios..."que bom!! uuuhuuuuu!!!teremos um local seguro para morar. Nao me preocuparei mais em perder noites, na paranoia de que em qualquer minuto alguem invadira minha casa. Agora tenho alguem pra garantir que isso nao aconteça. Estou Seguro!!!" dirá alguém que tenha condições de obter um imovel nesses espaços. Sem levar em conta essa pequena reflexao que fiz de um dado ponto da produçao de violencia em nossa sociedade, acho q seria algo plausivel e correto pensar dessa forma e buscar isso...mas ai me vem outro questionamento que farei a partir de minhas andanças nesse tipo de moradia, pois tenho parentes que moram em um dado condominio daqui de Aracaju. Logo quando foram inauguradas as primeiras etapas do condominio, fui fazer uma visita para conhecer o local. Confesso que fiquei maravilhado com algumas coisas desse tipo "novo" de moradia...eram(são) casas construidas umas proximas as outras, com muros bem baixos, em um local seguro (pelo menos essa é a ideia)...dai me veio alguns pensamentos: morar num local como esse favoreceria o maior contato entre as pessoas, os muros sao baixos, a relaçao entre os vizinhos poderia ser potencializada ja que nao há tanta distancia, haveria uma possibilidade de quebra de barreiras que apartamentos acabam criando...(pensamentos de quem morou durante 15 anos em casa, que brincava na rua de tudo qt possivel e agora mora em apartamento, e nao conhece quase ninguem em seu predio)...com o tempo vem a tona uma coisa totalmente diferente...quando as pessoas começam a morar no condominio, começam os movimentos de aumento dos muros, da colocaçao de grades...alguns muros com espaços entre as colunas, que permitiam ter uma certa visao da casa, outros totalmente fechados, sem nenhuma fresta...grades com extremidades pontudas...só nao vi ainda cercas eletricas (acho q nao irá demorar)....e meus parentes nao fugiram a regra: Também colocaram um muro, nao totalmente fechado, mas tem. Durante a noite, todos trancam-se em suas casas, passa-se cadeado em todos os portões, fecham-se as janelas em noites estreladas, sem nenhum sinal de nuvem de chuva (em aracaju ja se imagina como é isso)...perguntei o porque na casa de meus parentes teria uma grade e a resposta foi porque ela traria mais segurança..fiquei encucado!!! Como?!! Nao ja foram morar ali, porque se dizia um local seguro??? Que todo o aparato de muros altos com suas cercas eletricas que cercam o condominio, a vigilancia eletronica e também de seguranças motorizados, garantiria uma moradia calma e segura, coisa que diz a tv é cada vez mais dificil de se ter??Nao estariam fora os sujeitos que tocam o terror pela sociedade, pois sabe-se quem entra e quem sai no local??...dai viria a resposta: "mas hoje em dia não se pode confiar em ninguém!!!" A questão da produçao da desconfiança que falei mais acima...parece q nao adianta se isolar, buscar se fechar da forma mais hermética, sempre vai haver a sensaçao de insegurança, pois nao é um muro alto, ou grades, cameras e negoes de 3 metros de altura que vao nos fazer sentir seguros...não é uma questão de material, se é que posso dizer assim...a insegurança virou um modo de viver, um modo de subjetividade, um valor de vida...lembro de uma cena do filme "Crash" onde a personagem de Sandra Bullock conversando com uma suposta amiga, fala pra ela algo assim "esses dias eu vinha acordando com muita raiva, e pensava que tinha a ver com o assalto que sofri...mas agora percebo que nao. Eu acordo assim todos os dias!" é mais ou menos por ai...a gnt nao se sente inseguro porque um dado lugar nao nos oferece segurança e tal...nos tornamos sujeitos inseguros, e cada vez mais se produz mais sujeitos assim...é um tipo de vida que produz desconfiança entre os sujeitos, que produz intolerância, produz medidas extremas para garantir uma suposta segurança, nao é a toa que a politica da guerra norte-americana contra o terrorismo use-se de ideias como deter os mal terrorista para garantir a segurança do EUA e do mundo...tudo em nome de uma suposta segurança ou melhor de uma suposta Insegurança...Viva com um barulho desses!!!

terça-feira, 4 de março de 2008

Apatia

Uma das coisas que mais me inquietam, ultimamente, é a apatia que vem assolando em nossa sociedade. As pessoas nao se posicionam, nao buscam afirmar suas concepçoes, delegam a outros - q nem se sabe quem sao esses outros, muita das vezes - grande parte das decisoes da sua vida. Cada dia mais nossas vidas vao sendo tomadas e decididas por especialistas do comportamento. E nisso nao falo só de psicologos. Sempre vejo nos meios de comunicaçao aparecer os ditos especialistas em varios campos de nossa vida. São pessoas q dizem ter um certo saber sobre determinada situacao e a partir dai eles vao dizer como devemos agir. Por exemplo, há um quadro no Fantastico onde eles utilizam-se do saber de uma especialista em etiqueta pra dizer como devemos nos comportar Corretamente em determindas situaçoes. Durante uma conversa hoje, na Ufs, sobre, entre outras coisas, essas questoes, eu falava sobre a famosa sindrome do elevador, a qual nos acomete hehe assim q entramos no elevador e tem alguem la dentro. É interessante como nossa reacao e a dos q estao junto conosco no elevador sao parecidas, nossos olhares se direcionam pra um ponto em outra dimensao, q nao a do elevador e muito menos da pessoa a nosso lado. É dificil fazer um contato visual. Olhamos pra cima, pra baixo, pra o visor digital q diz em q andar estamos e ficamos ansiosos pra chegue logo no andar desejado pra sairmos dessa situacao constragedora. Pois bem, voltando a especialista em etiqueta. Segundo um amigo meu, esta falou que nessas situacoes o mais Correto (enfatizo essa palavra) seria olhar para nossos pés. Para nosos pés???!!! Até agora nao entendi...e tenho certeza q se ouvisse a explicaçao da dita cuja, continuaria sem entender. Pode ate ser que enxergasse uma coerencia no q ela falasse, mas entender, ver aquilo como algo satisfatorio ja seria demais pra mim. (Iiihhhh to acabando indo por um caminho q nao pensava a principio ao escrever esse post...mas vamo la..quem sabe chego onde quero heheh)...Voltando a questao da apatia, q dá titulo a esse post...Quando pensei nisso, queria falar, como cito no começo, sobre nossa falta de posicionamento, delegando a outros fazê-lo...cada vez mais se produz sujeitos dessa forma. E vou dar um exemplo mais proximo a mim, a minha experiencia de vida...A universidade supõe ser um espaço de produçao de conhecimentos. E essa produçao perpassa por movimentos de questionamento, de posicionamento politico frente aquilo que se discute durante os espaços universitarios. Mas o que vejo hj em dia é que essa idéia sobre a universidade como produtora de conhecimento, vem perdendo cada vez mais forças, vem sendo minada a cada dia por um modo de viver que atravessa nossa sociedade. Um modo de viver que dentre outras coisas, está paltado em mercantilizar tudo o q puder, e de fazer com q esse produto mercantilizado seja colocado imediatamente a disposicao. Criam-se discursos que oferecem e dao carater de necessidade vital para que adquiramos esse produto, e nisso acabamos aceitando sem pesatanejar. É mais ou menos por ai que entra a idéia da universidade. Faz-se a propaganda de que a universidade é O Caminho para adentrarmos no mercado de trabalho, que devemos entrar lá, adquirirmos o diploma q validará nossa inserçao no meio do trabalho. E isso deve ser feito da forma mais rápida possivel. Nao há porque perder tempo com "futilidade", afinal "Time is Money!!", já diria o velho Tio Sam. E é ai que toda essa ideia de campo de producao de conhecimento, perpassado por questionamentos, inquietaçoes, vai sendo minado. Nao se admite mais perder tempo discutindo questoes ditas "abstratas" qd se pode ganhar tempo estudando tecnicas que seriam muito bem aplicadas no Mercado de Trabalho. E ainda mais pq essas questoes tidas como "abstratas" acabam por servir como critica a um modelo visto como o unico possivel para nossas vidas. Vejam bem! admite-se que o modelo é de certa forma cruel, que exclui, mas por se propagar que nao outro modo, q se continue. Algo como "em time que ta ganhando nao se mexe". Esse movimento de formaçao de mao-de-obra de trabalho tecnica exige que seus sujeitos sejam pessoas que nao pensem, ou melhor, q ate pensem, mas que tenham preguiça pra isso...putz...cada vez mais os estudantes estao mais na condiçao de Alunos, e esse termo aluno quer dizer "Seres Sem Luz", ou seja, seres que nao tem saber. E que por isso alguem, q possue um saber, deve ir la e colocar esse saber, de forma imposta mesmo. É assim que esperamos que aconteça, se for de outra forma, logo reagimos...se um professor pede para escrevermos nossas impressoes sobre o texto q ele passou, se pede q nos posicionemos frente a ele, isso se torna uma coisa muito dificil, pois é algo q nao fazemos com certa frequencia, e q se brincar, pra alguns, nunca foi feito!! Mais uma vez nos prendemos a figura do especialista, daquele a quem entregamos nossas vidas pra dizer o que deve ser feita dela. Esperamos que o professor traga tudo pronto, diga "Isso é isso"; "Pra fazer essa coisa, vc aperta aqui, joga essa poçao e pronto"...nada de pensarmos, de nos inquietarmos, de buscarmos produzir nosso proprio saber a partir do que vivenciamos nas praticas universitarias....Acho q esse texto ta ficando um pouco confuso hehe, mas essa é uma das minhas propostas pra esse espaço: escrever de uma forma solta, deixando fluir meu pensamento e buscando amarrar em alguns pontos....e digo mais, Pensar nao é facil!!! é um atividade extremamente cansativa, visto o q ja apresentei de como se produz nossas vidas..e o q dirá escrever!! É mais dificil ainda!! Mas isso nao quer dizer que devemos desistir...acho q é ai q entra a minha idéia de pensar Resistencias: q há sempre possibilidades de desviarmos dos caminhos que nos dizem q é o certo, q é a norma...podemos produzir novos caminhos e isso só se dar se nos jogarmos, se buscarmos experimentar..nao basta ficar no bla bla, viva a diferença, a multiplicidade, é preciso vivenciar isso! Chega por hj!!